Relacionamentos virtuais é tema recorrente aqui no blog. Basta fazer uma breve busca aí no “search the archives”. Hoje, por sinal, vou tratar disso numa de minhas aulas. Vou falar da virtualização do corpo. Vou utilizar inclusive um texto de James Hillman. Ele faz uma reflexão interessante. Diz:
Sabe, grande parte de nossa vida é maníaca. Posso ver 34 canais de TV, posso usar o fax para me comunicar com pessoas em toda parte, posso estar em muitos lugares ao mesmo tempo, posso sobrevoar o país de ponta a ponta; alguém me aguarda ao telefone, e eu posso atender duas chamadas ao mesmo tempo. Vivo em toda parte e em lugar nenhum. Mas não conheço meu vizinho. Quem mora no apartamento ao lado? Quem mora no 14-B?
Não sei quem é, mas estou falando ao telefone, uso o telefone do carro, do banheiro, do avião; tenho uma amante em Chicago, moro com minha mulher em Washington, a ex-mulher mora em Phoenix, minha mãe, no Havaí, e meus quatro filhos estão espalhados pelo país. Os fax chegam dia e noite, tenho acesso a todas as bolsas de valores do mundo, os fundos de commodities, estou em toda parte, amigo – mas não sei quem mora no 14-B. Percebe que a hipercomunicação e a hiperinformação participam do que mantém a alma à distância?
É bem isto que acontece… A gente conhece todo mundo no virtual, mas desconhece quem está ao nosso lado.
Entretanto, a coisa tem tomado tamanha proporção que, uma pesquisa revela, cada vez mais relacionamentos são terminados pela internet. Por email, num recadinho pelo Facebook. Ou no simples ato de mudar de status o Orkut, Facebook etc. A pessoinha tira de lá o “namorando” e coloca “solteiro”. Pronto. A relação acabou. Absurdo? Eu acho. Afinal, o coração merece mais que isso.