Anos atrás, ao conhecer as músicas de um cantor, uma me chamou a atenção. “Romântico” é o título da canção. Pelo nome, dá para ter uma ideia do que vem por aí… Mas fui surpreendido e acabei sendo tocado a compartilhar algumas impressões.
Ele começa dizendo…
Hoje mandei flores e um cartão
Fiz um verso de poesia, cena de novela violão
Serenata fim do dia na tua janela, e ela nem ai pra mim
Eu na tua janela e ela nem aí pra mim.
Queria tanto ser o alguém por quem ela sempre esperou
Queria ser o ideal, o tal grande amor
Tentava ser perfeito, mas meu jeito não lhe agradou
Até aí… tudo bem. Parece só mais uma música romântica. Dessas que a gente ouve toda hora no rádio. Porém, o intérprete continua…
Tá do avesso o mundo
Que absurdo, talvez ódio seja amor…
Se mando cartas, ela diz que tô lelé
Se mando flores, fala que to muito mel,
Doce demais, ultrapassado sou
Se digo I love you, diz que é coisa da vovó
Por ser romântico, fala que eu vou morrer só…
Só não sei mais se ultrapassado é o amor…
Os mais críticos talvez digam: ah… que poesia pobre. Desculpem-me os intelectuais de plantão, não vou discutir a estética, as rimas, a riqueza artística… nada disso. Apenas quero pensar alto sobre a ideia básica implícita na canção: como as pessoas amam hoje em dia.
É verdade que estou “fora do mercado” há mais de 20 anos. É isso mesmo. O tempo passa rápido demais e lá se vão duas décadas num mesmo relacionamento. Entretanto, aprendi a ouvir. Observar.
Talvez, da minha janela, esteja vendo de forma equivocada, até distorcida. Porém, tenho a impressão que o Henrique Cerqueira, autor da música, discute algo que muita gente tem sentido: o romantismo anda meio fora de moda. Ou seria o amor?
Não sei. Sei apenas que estranho muito esse “novo” jeito de amar. Não, não quero ser saudosista. E nem dizer coisas do tipo: “no meu tempo”… Mas as pessoas não parecem desejar o compromisso. Também não querem demonstrações muito explícitas de amor. Ser romântico é cafona, brega.
Fazer poesia?
Mandar um bilhetinho?
Fazer uma serenata?
Tudo, tudo muito ridículo.
Se o cara é romântico, vira motivo de piada.
Se a garota é romântica, idem.
A moda é ser bad boy. E a garota, desapegada.
Muita pegação, sexo… mas nada de compromisso. Se não, vira grude. O outro já se diz sufocado. Reclama e cai fora.
Confesso que não entendo bem essa contradição. As pessoas lamentam que não são felizes, mas não estão dispostas a viver intensamente o amor. Porque amar é ser romântico sim. E ser romântico é não ter vergonha de fazer coisas tolas.
É… talvez eu tenha mesmo desaprendido. Ou, sou do passado. Um amante à moda antiga, como diria Roberto Carlos. Pode ser. Mas acho que assim ainda sou mais feliz.
Bem, amigo, vc tem razão. Os relacionamentos de hoje são um tanto estranhos. Namoros rápidos demais, nem chegam ao conhecimento da família e… já era; outros, longos demais. Muitos, quando se casam, já estão “enjuados” um da cara do outro. E aquele romantismo prazeroso tão aguardado para a união, muitas vezes, já não existe mais.
Assim como o mundo se modernizou em vários sentidos, nos relacionamentos não foi diferente. A cultura hoje é a seguinte: se conhece, fica e se envolve sexualmente – talvez, na mesma noite -, é isso. Isso é o que, atualmente, se chama de AMOR.
Isso é divertimento. Amor é algo muito além disso.
Também tenho notado que o conceito “família” responsável, anda meio fora de moda.
E claro, com esses relacionamentos “eu e vc”, – e não “nós”-, onde o que precisa imperar é a felicidade individual, é natural que haja tantas dificuldades no compartilhamento de ideias e espaço.
É um pena.
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belíssimo comentário. obrigado por passar por aqui. boa semana!
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é exatamente assim .. sem tirar nem por.
fiquei impressionada com a clareza com que é colocado o tema, porque é exatamente isto que está acontecendo ‘hj em dia’ (este termo, tb como no “meu tempo” soa como antiguado pra muita gente, mas nao tem como deixar de usar a expressão. ).
Nós, amantes a moda antiga (e existe modo antigo de amar?? amor é AMOR) somos os “fora de moda”, rs.. somos antigos.. e o sentido da palavra AMOR vai se perdendo cada vez mais.
Eu questionei uma musica (se é que pode ser chamada assim; mas a letra é interessante, e expressa exatamente o ‘hj em dia’) : romance é romance, amor é amor, e um lance é um lance..”..
Eu ainda não consegui entender a definição de cada coisa, na música. Me perdoem, mas brega ou não, ainda admiro um amante a moda antiga.
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Bom dia Ronaldo! quero te parabenizar por mais uma vez ser assertivo no tema e na forma de dissertar sobre o mesmo, bem oportuno no dia de hoje (Dia da Independência) falar sobre como está o romantismo por ai.
Tem uma frase que gosto muito que diz assim: A Intimidade Intimida! eis ai um grande problema que observo nos dias de hoje, e que em partes justifica essa mudança comportamental dos casais. As pessoas anda muito mau exploradas emocionalmente, muito “rasas”, e com isso temem serem “mergulhadas” pelo outro, sim….para que haja romantismo é preciso se jogar, se lançar, posar de “bobo”, mas é justamente ai que a intimidade ocorre, é quando abrimos mão das defesas e nos entregamos de corpo e alma ao outro.
E quando nos entregarmos, sem temermos ser ridículos é que estaremos “livres”, e amar livremente é com toda certeza fantástico!
Um excelente dia a você!
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Obrigado, caríssima. Sempre honrado por encontrá-la por aqui. Boa tarde.
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Penso que a falta de compromisso que existe nas pessoas de hoje em dia, nada mais é do que um sintoma da falta de amor verdadeiro.
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Obrigado por passar por aqui. Sempre bem vindo.
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Eu amo essa música que você citou rsrs
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