
Há pouco vi algumas fotos no Facebook. Também li os comentários. Um deles me tocou. Uma frase simples… Dessas repetimos. Falava de amizade. Ressaltava uma amizade eterna. O motivo era simples: a faculdade está acabando, a formatura está chegando, mas, apesar do fim de um período, a promessa: a amizade vai continuar.
É algo bonito de ver. Gostoso de sentir. Uma mistura de saudade com o mais sincero desejo de eternizar tudo que foi vivido ao longo de dias, meses e anos.
A faculdade é mais que anos de estudo. Amizades nascem ali. Relacionamentos são construídos.
Isso também acontece na infância. Na adolescência. Na fase jovem ou adulta. Pode ser com vizinhos, colegas de classe ou de trabalho. Os ambientes nos aproximam. E fazemos amigos. Em muitos casos, conhecemos a mulher dos nossos sonhos. A garota, o príncipe encantado…
Mas a vida é feita de ciclos. Num momento, estamos ali brincando com os amiguinhos que moram próximos; noutro, com gente que conhecemos na escola… Por fim, passam a fazer parte de nossa vida aqueles com quem dividimos responsabilidades no trabalho, na igreja ou nos encontramos no clube.
Poucos são os que ficam. Aqueles que permanecem para além das fases da vida.
É triste isso. Porém, é a própria vida em movimento.
A promessa de amizade eterna feita no comentário de uma foto talvez se torne realidade. Mesmo assistindo de longe esse espetáculo proporcionado por sentimentos verdadeiros, torço para que não se distanciem. Contudo, a lógica dos desencontros – mais que forte que qualquer outra – faz-me acreditar que daqui a alguns anos ainda vão se considerar amigos, mas provavelmente estarão há meses sem trocar palavras.
Manter um relacionamento requer esforço. Curtir uma foto no Facebook, mandar um oizinho no WhatsApp… podem ser expressões de carinho. Mas é muito pouco para perpetuar a chama do amor. É preciso encontrar, falar, tocar. Acontece que o dia a dia nos consome, nos distancia.
Quando mudamos de cidade, trocamos de emprego ou terminamos a faculdade, encerramos um ciclo e iniciamos outro. Neste, tudo é novo – inclusive as pessoas com as quais vamos conviver. Novas amizades virão. Isso é maravilhoso! Significa que estamos vivos. No entanto, outras que amamos e foram importantes para nós simplesmente serão esquecidas – ou ficarão na lembrança de um tempo que não tem mais volta.
Isso revela o quanto somos solitários. E os relacionamentos, ocasionais. Ficam conosco apenas aqueles que escolhemos não abandonar. Por opção e investimento, já que terão de estar no topo de nossas prioridades. Se nos deixarmos embalar pela rotina da vida, passaremos pelas diferentes fases, experimentaremos sentimentos e sensações incríveis, mas aqueles que realmente foram importantes terão ficado pelo caminho. Quem estará conosco ao final da vida?
Se soubermos valorizar… talvez nossos esposos e esposas, os filhos já estarão com suas vidas e suas próprias ocupações. Amigos, não, acredito só no companheiro mesmo. Por isso, é preciso valorizar.
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Profundo hein Ronaldo!
Se inspirou no texto do Tiago Mathias? Rsssss…
O duro é que é bem assim mesmo que acontece. Nos aproximamos, criamos um vínculo, e a vida, essa se encarrega de nos distanciar das pessoas. É um ciclo eterno.
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achei curioso… escrevi no sábado à tarde para publicar hj… as ideias bateram.
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Assunto polêmica né amigo, porque não se trata só de definir prioridades, muitas vezes justamente por escolhermos casar, ter filhos, nos sobrecarregamos de responsabilidades que acabam por afastar. Acho que o segredo está em ser um, e aí tudo se complica, porque somos diferentes, como ser um?
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Quem estará conosco ao final da vida? Nós mesmos.
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Essa busca desenfreada do poder, do ter, faz com que distanciamos das pessoas que queremos bem. Hoje só temos amigos pela internet e nem percebemos porque é assim. Falta tempo de conversar e olhar nos olhos de quem convive conosco, falta tempo de olhar no espelho e dizer oi pra nós mesmo. O que fazer? Como saber quem estará comigo no final dessa corrida maluca que se chama viver.
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não sei se há uma fórmula. mas talvez se nos contentássemos em viver de maneira mais simples, com menos, conseguiríamos mais tempo para as pessoas que amamos.
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