
Já ouviu esta frase? Se ouviu, o que te incomodou? Achou ruim ter de mudar o rumo da conversa? Ou se sentiu confortável com a situação?
Acho que todo mundo passou por essa situação. Você está ali numa conversa importante – ou não – e o diálogo acaba tomando um rumo pouco agradável. Talvez por trazer à tona questões silenciadas, guardadas no coração. Talvez por confrontar uma das partes envolvidas e fazê-la se sentir mal. Afinal, muita gente tem dificuldade de reconhecer suas fragilidades. Quando estas são apontadas, incomoda.
Embora quem ouça a frase “vamos mudar de assunto?” nunca pense muito na condição ou motivação do outro, no que levou o interlocutor a querer abandonar aquele assunto, a razão quase sempre é esta: fuga. Tem alguma coisa ali mal resolvida. Mexer pode machucar. Vai incomodar. E, por isso, é preferível silenciar.
Quando a pessoa diz “vamos mudar de assunto?”, de alguma forma, revela que tentaram abrir a gaveta. Talvez, deram uma forçadinha. E o que acontece quando a gente tenta abrir algo à força? Quebra, estraga. Só quem guarda a chave pode abri-la sem danos. Isto quer dizer que só quem pode tratar de problemas silenciados é quem os guarda, quem os esconde. Quem tem a chave.
Sabe, não gostamos do confronto. Não gostamos que o outro aponte nosso erro. E muitas vezes nós mesmos não gostamos de reconhecer nossas fragilidades. Preferimos fingir que está tudo bem. Parece até que temos medo de nós mesmos. Medo de nossa verdadeira face. Colocamos as questões que nos afligem dentro de uma gaveta, trancamos e escondemos a chave. Deixamos ali, quietinho, como se o fato de silenciarmos algo resolvesse a questão. Isso pode até funcionar por um tempo. Entretanto, não traz crescimento.
A gente cresce conforme a gente muda. E toda mudança acontece após o reconhecimento de que existe um problema, o problema é responsabilidade nossa e nós, só nós, podemos enfrentá-lo. Não é fácil, é claro. Se fosse, não teríamos escondido. Entretanto, esta é a única maneira de resolver as coisas definitivamente. Por isso, sempre que surge a frase “vamos mudar de assunto?”, mais que um convite para alterar o rumo da conversa, a pergunta é um questionamento para o próprio autor:
– Não está na hora de enfrentar seus próprios medos e ser feliz?