Navegando de um site a outro, encontrei uma fala que me fez sorrir. Uma numeróloga disse:
– 2014 é o ano da privacidade.
Não li o texto. Só fiquei pensando nessa tal privacidade. Eu queria muito saber o que ela significa em tempos de mídias sociais. Privacidade, pra mim, não é apenas manter restrito o que acontece entre quatro paredes. É ter a vida preservada – pensamentos, ações, imagens etc.
Eu não vejo isso hoje. Por natureza, somos bisbilhoteiros. E as redes facilitaram isso. A bisbilhotagem e o exibicionismo. Por mais que a gente evite a exposição, é impossível ter controle de tudo.
Dias atrás, estava em um evento. Ao final, alguns amigos disseram: vamos fazer uma foto pra registrar. Dias depois, tentando encontrar uma informação no Facebook, trombei com a famigerada fotografia. Borrada, horrível… Estava lá. Eu nem sabia que tinham publicado. Mas foi parar na rede.
Ser clicado e ter a imagem colocada em circulação nas mídias sociais é fato comum, corriqueiro. Você pode até não querer. Ainda assim, alguém vai colocar sua “caretinha” na web. E assim gente que mal nos conhece sabe um pouco de nossa vida. Sabe o que fazemos, com quem andamos, nossos amigos, os programas habituais, … Não é tarefa difícil “conhecer” a rotina até de desconhecidos. E até gostos, preferências e nível intelectual. Basta seguir espiando.
Por isso, pensar em privacidade é quase uma utopia. Pode aparecer previsão de numeróloga, futurista… ou sei lá o quê. Não dá para acreditar. Quase ninguém escapa desse universo mágico que as novas mídias proporcionam. A vida ali está em movimento. Corrompida sim, em poses exageradas, mas está acontecendo… e pra todo mundo ver. Privacidade hoje pode ser um desejo, mas não uma realidade.