Gosto demais da palavra “aceitar”. Em especial, gosto do que ela significa. Nos relacionamentos, por exemplo, representa entender o outro, acolher o outro, tolerar alguns defeitos… Aceitar que a perfeição não existe. Mas, antes de conjugar o verbo na relação, é fundamental aplicá-lo a nós mesmos. Precisamos nos aceitar.
Semanas atrás ouvi alguém se lamentar. É uma pessoa que cometeu erros no passado, muitos deles ligados à personalidade, ao seu jeito de agir diante da vida e até no trato com a família, amigos, colegas de trabalho.
– Talvez um dia eu consiga mudar.
A frase trazia um tom triste. Era como se estivesse lutando, lutando… Porém, ainda faltasse muito para tornar-se quem realmente quer ser.
Reconhecer nossas fragilidades é o primeiro passo; o segundo, é querer mudar. Se a gente identifica os defeitos e deseja superá-los, há chance de ser melhor, de tornar-se uma pessoa melhor. No entanto, também é necessário se aceitar. Não adianta viver se lamentando. Muito menos achar que “num estalar de dedos”, vai estar mudado, será outro. Os erros que cometi ontem poderão ser repetidos amanhã – nem sempre por uma decisão deliberada, mas por hábitos adquiridos.
Crescimento é isso: aprender com os erros, aperfeiçoar-se, tornar-se um ser humano melhor.
Estar insatisfeito com certos comportamentos é condição necessária para ser diferente. Ainda assim, é preciso entender que todos nós temos coisas para trabalhar. Ninguém está pronto. Nunca estará. Não adianta “deprimir”.
Neste sentido, há uma doutrina cristã que pode ser aplicada aqui. Segundo o pensamento bíblico, como pecador que é, o homem nunca será santo, mas deve buscar incansavelmente a santificação. Acho que o processo é mais ou menos esse mesmo: temos defeitos, mas, se desejamos mudar, podemos mudar. A mudança, porém, é uma conquista diária. É devagar… Um passo de cada vez. E também nisto consiste a beleza da vida: a cada dia temos um novo desafio a vencer – ainda que seja apenas dentro de nós, em nossa luta interior.
É isso ai. Conhecer os outros é fácil, mas a si mesmo é mais difícil.Então devemos nos conhecer primeiro para depois criticar e aceitar os outros como são.
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Muito bom! Hoje mesmo falava sobre isso com amigas. A cada momento tento mudar o que não gosto em mim. Ao longo da vida mudei em tudo o que precisei, para o meu proprio bem, não só o dos outros. É fácil dizer que devemos amar as pessoas como elas são. Difícil mudar para ter que agradar. Só mudamos quando queremos realmente. Quando temos a sabedoria de saber que é o melhor a fazer. Abraço, Ronaldo. Carissimo.
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