Não basta ser feliz; é preciso ser feliz na internet. As pessoas precisam mostrar que estão felizes. Publicizar a felicidade.
Ganhou flores do namorado? Publica no Facebook.
Tirou 10 na faculdade? Publica no Facebook.
Terminou o mestrado? Publica no Facebook.
O marido fez o almoço de domingo? Publica no Facebook.
Saiu para uma festa? Publica no Facebook.
A rede é mesmo pra socializar, mas será que não estamos exagerando um pouco?
Não existe mais vida privada. Tudo virou notícia. Dia desses, vi uma pessoa escrevendo “a rede social é minha, publico o que eu quiser”. Ela tem razão. Mas o que explica isso? Por que as pessoas estão agindo assim? Pra mim, só tem uma explicação: carência! Necessidade de se mostrar feliz.
As pessoas querem as curtidas, os comentários…
Em tempos de internet, redes sociais e programas do tipo Big Brother, a carência é tanta que tudo se tornou público. Pior, exige-se a publicação. O marido não pode mais dizer pra esposa “te amo”. Ela quer que ele publique a declaração na rede social. Todo mundo tem que ver que ela é amada. Falar pessoalmente, olho no olho, parece não ter muita graça. E se o marido da amiga fez mais bonito, conquistou mais curtidas… o coitado está enrolado. A atitude dele perde valor… A esposa fica frustrada.
No passado, a gente fazia fotos… Guardava pra gente e pra família, algumas poucas pessoas próximas que gozavam de nossa intimidade. Havia frustração sim, carência… Mas havia a capacidade de sublimar as faltas e celebrar a vida com as pessoas que realmente se importavam com a gente. A gente se sentia realizado com a própria dinâmica da vida. Tinha a família por perto, amigos com quem dividir momentos felizes e tristes. Os abraços tocavam de verdade, os beijos eram sentidos…
Parece-me que cada vez que essas pessoas contam suas intimidades na rede estão dizendo:
– Não tenho com quem conversar.
Estão falando:
– Ei, você aí… pode me dar sua atenção?
Sabe, cada pessoa tem direito de administrar o Facebook (e demais redes pessoais) da forma que quiser. No entanto, é um sentimento pequeno demais tornar-se dependente de exibir na rede os movimentos da própria vida para se sentir gente. Talvez seja necessário redescobrirmos as relações reais – aquelas com toque, gosto, cheiro… sorrisos e lágrimas, que não são apenas “caretinhas” criadas pela combinação de códigos de uma máquina.
Concordo tanto!
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Republicou isso em Borboletanoespelhoe comentado:
SORRIA! VOCÊ ESTÁ SENDO FILMADO.
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Mas bah falou tudo, infelizmente tem muitos assim.
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Sempre bem vinda ao blog, Eliamara. Bom dia!
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Conheço pessoas que não conseguem fazer uma refeição sem postar antes;
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Que bom que eu não sou a única “estranha no ninho”!
Vivo falando isso. Mas falam que tem nada a ver!
É legal compartilhar alguma coisa na rede social e ver que as pessoas gostaram, curtiram e comentaram? Claro que é! Mas, ter a liberdade de passar cinco, seis meses sem postar absolutamente nada sem ninguém ficar te perguntando: Nossa, você sumiu. O que aconteceu?, é melhor ainda! Infelizmente ainda não tive esse luxo de não ter ninguém perguntando.
Porque, minha gente, a pessoa não sumiu. Ela continuou morando na mesma casa, tendo o mesmo telefone. Você que sequer se importou em telefonar ou visitar a pessoa, pra bater um papo cara a cara. Coisa que toda pessoa normal faz!
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