Tem gente que não se importa… Até parece adorar uma confusão. Entretanto, mal entendidos geralmente afetam nossas emoções. Mais que isso, prejudicam relacionamentos. Inclusive com pessoas que amamos.
Bom… Um ou outro desencontro sempre vai existir. Não temos como controlar plenamente as coisas. Podemos interpretar uma fala de maneira bastante distinta da que foi proposta por quem falou. A pessoa fala uma coisa, a gente entende outra. Isso acontece.
Entretanto, dá pra amenizar os mal entendidos.
Imagine que você teve uma discussão com uma amiga muito querida. Não foi nada muito significativo, mas acabou te cansando. Você foi dormir chateada. No dia seguinte, você acorda, vê a pessoa no shopping. Você acena de longe, mas ela não te cumprimenta.
Até aqui temos fatos. Primeiro, uma discussão; segundo, um cumprimento não correspondido.
Mas nossa mente não está programada para ser feliz. A gente tem a tendência de interpretar de forma negativa a maioria dos fatos. Por isso, a primeira reação é quase uma regra:
– Ela me ignorou.
A partir da interpretação, passamos a projetar causas. E logo concluímos:
– Foi por causa da briga de ontem.
Além de construirmos uma realidade sob nossa perspectiva, passamos para o próximo passo: o da generalização.
– Sempre que a gente discorda dela, é assim. Lembro que com a fulana, ela fez a mesma coisa…
E aí decidimos não deixar barato:
– Quando a encontrar, também vou ignorá-la. Quem ela pensa que é?
Sabe, nos desentender com alguém que a gente gosta é algo que pode acontecer. Mas, depois da briga, num caso como o que citamos, quem disse que a pessoa deixou de nos cumprimentar por capricho? Quem pode garantir que a pessoa nos viu e não quis falar com a gente? E se estava distraída? E se estava de mau humor por outro motivo?
Na verdade, a gente não tem como controlar a reação do outro, mas temos como cuidar dos nossos pensamentos. A pesquisadora Chris Argyris diz que nosso cérebro trabalha numa dinâmica de inferência. A partir de um fato, criamos outros. Projetamos coisas. E isso num processo de escalada. Cada pensamento negativo puxa outro e mais outro… Por isso, um simples desencontro com alguém que amamos pode se transformar na ruptura da relação. Uma briguinha de nada pode causar mágoas profundas.
E como evitar isso?
A primeira coisa é tentar separar o que é fato e o que é interpretação. Entre o que acontece e a opinião que desenvolvemos sobre os fatos pode existir um abismo. E tem gente que tem uma mente muito “criativa”, emoções à flor da pele… Gente assim radicaliza ainda mais e faz interpretações muito equivocadas.
Outra coisa é evitar as generalizações. Quando a gente olha pro outro e repete termos como “sempre”, “nunca”… estamos generalizando. E provavelmente estamos errados. As generalizações são enganos mentais que causam muitos danos.
Por fim, duvidar sempre. Duvidar de nossas opiniões, duvidar das nossas conclusões. E perguntar. Sei que é preciso romper com o orgulho, mas perguntar ao outro o que ele quis dizer, por que fez isso ou aquilo… ajuda a esclarecer os fatos. E preservar o relacionamento.
E, pra concluir, vale lembrar que nosso cérebro também pode ser treinado. Quando ocorrem desencontros com pessoas que amamos, se não pararmos de dar voltas e voltas, sofremos em excesso. Por isso, é fundamental evitar as interpretações, as generalizações, a busca de causas que não existem. A melhor forma de resolver as coisas ainda é dialogando.