Dialogar é mais que um ato de comunicação, de aproximação com o outro. O diálogo é a estratégia mais importante para que relacionamentos sejam preservados. Porém, tudo tem limite. Algumas situações não apenas são desnecessárias como também provocam desgastes que nem sempre podem ser reparados. Sim, porque existem pessoas que parecem predispostas a potencializar os embates do dia a dia. Possuem uma sensibilidade tão à flor da pele que tornam qualquer situação cotidiana um problema de dimensões estratosféricas.
Quem se dispõe a conversar tem que ter maturidade pra isso, porque quando a gente fala, a gente se coloca na condição de ouvinte também. E isso significa que nem tudo que se ouve, agrada. Porém, para que o diálogo ocorra de fato, é preciso estar desprovido de melindres. Não dá para se magoar com a primeira frase. Do contrário, o que era para ser uma conversa, vira outra coisa. A pessoa passa a discutir a relação e perde o foco. O que estava em pauta se perde, o problema não é resolvido e, pior, geralmente os envolvidos saem magoados.
Tem gente que quer conversar, mas não sabe fazer isso. Não tem preparo. Quer inclusive ser cuidado pelo outro na conversa. Aí se ofende fácil. Por mais que deva haver generosidade no diálogo, dialogar implica abrir-se. De forma gentil, respeitosa, mas é um ato de abrir o coração. Acontece que os “delicadinhos de plantão” geralmente são pouco resilientes, não aprenderam a lidar com a frustração. Querem que o diálogo atenda as suas expectativas. E se isso não ocorre, fazem bico. São pessoas despreparadas para a vida. Porque viver é agradar, desagradar, ser agradado e também saber lidar com quem te desagrada. E mesmo pessoas que a gente ama demais, muitas vezes, dizem coisas que incomodam.
Esses diálogos problemáticos, cheios de melindres não só causam desconforto, como quase sempre são inoportunos. Perde-se tempo e tudo mais é comprometido. O humor vai embora, a motivação para o trabalho… E, pior, depois dessas conversas desgastantes, o casal tem que ficar tentando aparar as arestas, curar as feridas. Por isso, defendo sempre que, muitas vezes, é melhor silenciar. Se a pessoa não está preparada para ouvir, não está pronta para falar.
O sábio Salomão, em Provérbios 17, versos 27 e 28, diz algo fantástico:
Quem tem conhecimento é comedido no falar, e quem tem entendimento é de espírito sereno. Até o insensato passará por sábio, se ficar quieto, e, se contiver a língua, parecerá que tem discernimento.
Um comentário em “Quem quer dialogar, tem que saber ouvir”