Diversas vezes já ouvi essa frase e eu mesmo a repito com frequência. Afinal, debater implica expor ideias e também ouvi-las. Isso de maneira civilizada, democrática.
Seria ótimo se isso realmente fosse possível.
Porém, pela própria natureza do gênero, debater geralmente representa confrontar posições e ver quem vence. Quase ninguém debate disposto a promover algum deslocamento em suas verdades.
Debate, ainda que respeitoso, é confronto, enfrentamento.
Nos dias atuais, a defesa que muita gente faz da necessidade de se abrir para o debate, na prática, não implica abertura para o diálogo, disposição para ouvir o outro, compreender suas razões e, ainda que não ocorra mudanças nos posicionamentos de uma das partes, manter o respeito, a civilidade e até a amizade.
Lamentavelmente, geralmente quando as pessoas dizem “é preciso abrir-se para o debate” querem falar: “é necessário se abrir para perceber que meus argumentos estão certos e você está errado”.
Cá com meus botões, entendo que é justamente essa postura que bloqueia o diálogo: querer que o outro veja que eu estou certo.
A gente já rotula o outro como indisposto ao “debate”, como fechado e até ignorante… Sendo que, no fundo, somos bastante semelhantes ao nosso oponente.
Isso é nosso. Não se trata de um comportamento novo. É histórico. Raras vezes o homem se dispôs efetivamente a dialogar, refletir, reaprender, mudar ou respeitar quem tem outra visão do mundo e da própria vida.