Tem sido recorrente nas falas de alguns candidatos à presidência o argumento de que é preciso investir mais na educação infantil, no ensino fundamental e médio. Vários deles, inclusive o líder das pesquisas, alegam que existe uma inversão de prioridades: gasta-se mais no ensino superior e muito pouco na base.
Esse argumento tem um fundo de verdade. Porém, é só um pedaço da verdade.
Em primeiro lugar, o ensino superior custa mais caro. E em qualquer parte do mundo. O ensino superior não é apenas ensino; é ensino, pesquisa e extensão. E essas duas coisas – pesquisa e extensão – são fundamentais, mas têm custo elevado.
Há necessidade de gente organizando e cuidando de cursos e projetos de extensão… Há necessidade de gente fazendo pesquisa. E, para isso, são necessários investimentos em salários, bolsas de estudo etc.
É o tipo de trabalho silencioso, mas que assegura o avanço das ciências.
A gente não pode esquecer que as universidades não têm apenas o papel de formação para o trabalho; universidades fazem ciência, que é o que coloca uma nação na elite no mundo desenvolvido.
Não dá para fazer ensino superior de qualidade sem o tripé – ensino, pesquisa e extensão. E, lamentavelmente, quem movimenta efetivamente a pesquisa e a extensão são as universidades públicas. As particulares, com certa frequência, negligenciam esses aspectos. E quando investem em pesquisa, muitas vezes fazem isso com recursos dos programas do governo federal.
Portanto, se o governo tirar dinheiro das universidades para usar esses recursos no ensino básico, a formação superior, que já tem problemas, vai se tornar ainda mais restrita e elitista.
Infelizmente, esse tipo de argumento tem ganhado a simpatia de parcela da sociedade – que desconhece o funcionamento da estrutura educacional e de suas carências.
Essas pessoas não têm a menor ideia do quanto o Brasil pode retroceder se as universidades perderem orçamento.
E, para concluir, é necessário sim investir mais na educação básica. A educação infantil, o ensino fundamental e médio precisam de mais dinheiro. Mas a lógica não pode ser tirar de um para dar para os outros. O que a gente precisa é de mais dinheiro na base, sem que o topo perca investimentos.
Difícil fazer isso? Claro, mas tudo é uma questão de entender que a educação deve ser prioridade em qualquer sociedade que deseja se desenvolver.
Interessante sua opinião, Ronaldo. O jornal Zero Hora, no fim de semana passado, trouxe uma grande reportagem sobre a importância das pesquisas nas universidades.
Gostaria de saber sua opinião sobre a possibilidade do ensino inicial em casa, como fazem alguns países. Existem vantagens, como a qualidade do ensino e o fato de cada um poder aprender no seu tempo. Tem também desvantagens, como o jovem não ter a experiência social do ambiente escolar. O que você acha?
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