Nenhum vereador que votou contra o projeto da Comissão de Finanças e Orçamento reconhece que é favorável ao salário de R$ 12 mil. Nenhum. Publicamente, todos têm bons argumentos para sustentar que os subsídios aprovados no ano passado foram um erro.
Acontece que os argumentos dos parlamentares são facilmente desconstruídos.
Vamos pela lógica… Se o sujeito diz que pretende reduzir os salários de R$ 12 mil, por achá-lo um absurdo, e defende R$ 6,7 mil, o que é melhor: aprovar um subsídio de R$ 8 mil ou deixar os R$ 12 mil?
Segunda situação. Se o vereador entende que R$ 12 mil é demais, concorda com as críticas dos eleitores, defende a redução, apóia R$ 9,4 mil, mas essa proposta não é provada, qual a atitude mais coerente: concordar com o projeto de R$ 8 mil ou permitir a manutenção dos R$ 12 mil?
O resumo da ópera é simples: ao rejeitar os R$ 8 mil os parlamentares maringaenses disseram preferir os R$ 12 mil aprovados no ano passado.
Após a votação, quem defendeu R$ 6,7 mil ou R$ 9,4 mil saiu-se com a justificativa de que fez a parte dele: votou pela redução, apenas não concordou com o projeto da Comissão de Finanças e Orçamento.
Esses parlamentares se apegaram a uma tese fajuta e, ao que parece, acham que o eleitor é ignorante o suficiente para aceitá-la. Não, caríssimos. Pode existir uma meia dúzia de cidadãos inocentes a ponto de até defender:
– Ah… mas o Doutor Manoel defendia R$ 6,7 mil.
– Ah… mas o Luiz do Postinho sempre disse ser favorável a R$ 9,4 mil.
Meia dúzia pode dizer isso. A maioria das pessoas vai entender que o fato concreto é este: os R$ 12 mil foram mantidos. E isso só foi possível por causa do voto contrário de sete vereadores – mais a abstenção do presidente – ao projeto que reduzia os subsídios.
Coerência os vereadores teriam se tivessem praticado o discurso que vinham apresentando à imprensa. No microfone e diante das câmeras, sempre diziam: haveria redução. Nem que fosse para os subsídios atuais. Eu e vários colegas da imprensa ouvimos isso ao longo das últimas semanas. O que supostamente faltava era fechar um consenso por um valor. Consenso este que não ocorreu por não haver verdadeiro interesse em construí-lo. Caprichos pessoais, melindres, picuinhas, birrinhas levaram os parlamentares a não fazer concessões. E isso vale para quase todos – inclusive para alguns (vereadores e até manifestantes populares) que não abriam mão dos R$ 8 mil.
Não diria que houve manobra para permanecer os R$ 12 mil. Uma série de coisas motivou o resultado da votação. Entretanto, os parlamentares que votaram contra os projetos da Comissão de Finanças e Orçamento também não podem lavar as mãos. Eles são sim responsáveis pelos subsídios de R$ 12 mil para a próxima legislatura, para os futuros secretários, vice prefeito e prefeito (neste caso, R$ 25 mil).
Deram hoje, aniversário de Maringá, um “belo” presente para os cidadãos desta cidade.