Muita gente anda assustada com as constantes quedas de ministros. Parodiando Lula, “nunca antes neste país” tantos ministros deixaram o governo em tão pouco tempo. É recorde. É o que todo mundo está dizendo. Fala-se em perda da governabilidade, tensão no comando do país, erros na composição do ministério… Enfim, não faltam analistas para discutir a fragilidade dessa equipe montada pela presidente Dilma Rousseff. O governo mal começou e já parece cansado.
Cá com meus botões, estou gostando do triste espetáculo. Não se trata de torcer contra. Muito pelo contrário. Quero que Dilma acerte. Entretanto, a tal “faxina” – termo que ela preferiu abandonar – está acontecendo. E estava na hora. Ou melhor, tinha passado da hora.
As quedas de Orlando Silva, dos Esportes, e dos outros cinco são resultado do modelo político adotado historicamente. A corrupção e o clientelismo fazem parte do DNA do brasileiro. Somos um país em que cidadãos defendem a pirataria, sonegam impostos, dão propina a fiscais e policiais… Criticamos os cargos comissionados, mas não acharíamos ruim se garantíssemos um empreguinho no gabinete do prefeito.
O loteamento de cargos no governo federal e a corrupção são apenas reflexo do que somos. Os pequenos atos de corrupção do nosso dia a dia, a constante vontade em ser “amigo do rei” para gozar dos manjares e favores do palácio, são a origem do mal noticiado pela imprensa nacional.
O exemplo não vem de cima, como alguns dizem. Ele nasce em nós, reflete-se no poder e realimenta os maus hábitos da sociedade. Um ciclo vicioso.
Porém, as quedas de ministros podem mudar essa lógica. Sentar numa dessas cadeiras significa estar na vitrine. E se seis já caíram quem garante que não cairá o sétimo, o oitavo…???
Começa haver uma preocupação. O sujeito que é convidado para ocupar uma função de destaque no governo já sabe que pode tornar-se o próximo alvo. Se a “faxina” não parte dos entes políticos, as denúncias da imprensa obrigam o governo a fazer a limpeza. Portanto, é preciso ter “ficha limpa” para sustentar-se na função.
Por isso, entendo que, como cidadãos, devemos nos orgulhar do momento em que estamos vivendo. As demissões de ministros, diretores etc etc precisam ser entendidas como um novo capítulo da história do país.
As denúncias podem não representar o fim da impunidade. No entanto, fazem parte do processo democrático e do amadurecimento político da sociedade e do país.
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